domingo, 10 de março de 2013

Fábrica de Laticínios de Campinas,

Não se pode deixar o patrimônio histórico do nosso estado se acabar. Como diz o Hino do Rio Grande do Sul...."povo que não tem virtude acaba por ser escravo"..e tem sido isso que tem acontecido por aqui, a falta de compromisso dos governantes e o povo que não tem interesse pela sua própria história, ta deixando se acabar em ruínas construções relevantes não só pro estado, mas pra história do Brasil tamanha sua importância. E deve ter sido um político muito crápula, um imbecil, que não teve interesse em fazer essa fábrica funcionar em sua época.


Eu gostaria que a Tv Cidade Verde, que tão bem dirigida por seu Jesus Tarjra, um homem tão dedicado a história do estado, que sempre faz os especiais do dia do PI com muita estrutura, que dessa vez fosse fazer a transmissão direto dessa ruína,  pros piauienses se envergonharem de ter deixado se acabar o que poderia ter transformado economicamente toda uma região.







O engenheiro agrônomo Francisco Parentes, era formado pela Escola de Grand Jouan, da França. Idealizara o Projeto e vinha discutindo com inúmeros presidentes da Província do Piauhy, como atesta o memorial elaborado pelo agrônomo e enviado ao presidente da Província, Sousa Leão, em 1871. Este, por sua vez, encaminha o documento, através de um longo ofício, ao Visconde do Rio Branco, então ministro da Fazenda, esperando que fosse acolhida “benigna e favoravelmente a  pretensão do cidadão Francisco Parentes, o qual levando a effeito a idéia, que aninha em seu peito, abrirá para esta província largos horizontes de prosperidade e adiantamento.  Este ofício, enviado poucos dias após a promulgação da Lei do Ventre Livre. Lei de 28 de setembro de 1871.



O prédio, construído na segunda metade do século XIX, apresenta ainda características neoclássicas. A fachada principal é trabalhada e conta com pilastras. Seu projeto foi do engenheiro alemão Alfredo Modrak.






Histórico

A fábrica de Laticínios de Campinas, que deu origem ao município de mesmo nome, estava inserida dentro do projeto do engenheiro agrônomo Francisco Parentes : o estabelecimento rural São Pedro de Alcântara , para ensino prático de agricultura e zootecnia , cujas finalidades eram promover a prosperidade agrícola do Piauí e a conversão de escravos e seus descendentes em pessoas livres.

Com a morte de Francisco Parente, a colônia entra em falência . Em 1889 as terras em que estavam implantadas o projeto de Parentes são entregues ao engenheiro Antõnio José Sampaio , que idealizou uma nova empresa, mais ambiciosa .Em abril de 1897, Sampaio inaugurou a Fábrica de Laticínios, funilaria, maquinismo para o preparo de manteiga , máquina de gelo e serraria a vapor. Uma indústria pioneira no Piauí e todo Norte/ Nordeste do Brasil, cuja matéria-prima provinha das fazendas nacionais . Seu maquinário, trazido da Inglaterra por transporte marítimo e fluvial - rio Parnaíba, era extraordinário para a época.

O projeto não teve êxito pleno, pois só a Fábrica de Laticínios chegou a funcionar, produzindo boa manteiga até o ano de 1947.

Nos dias de hoje o prédio encontra-se em péssimo estado de conservação, abandonado, necessitando de uma revitalização e restauração para servir de instrumento de resguardo das peculiaridades regionais pouco conhecida da história brasileira e de promoção da própria cidade.
Fonte: FUNDAC

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(...)
o Marquês de Paranaguá e o Imperador Pedro II. Perguntado sobre o que poderia ser feito na Província após uma “seca cruel”, o Marquês responde ao rei que se deveria criar uma colônia agrícola às margens do rio Parnaíba, sob o comando do engenheiro agrônomo Francisco Parentes , Estabelecimento Rural São Pedro de Alcântara


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(...)



uma fala de um descendente de italiano, ao explicar os motivos da vinda dos seus ancestrais para o Piauí: “falavam da vinda dos italianos da Lituana para trabalhar nas antigas Fazendas Nacionais, conhecida como Colônia de São Pedro de Alcântara para o serviço na fabrica de queijo e manteiga”

....

DO GOVERNO. 475
 Ni 210.— FAZENDA.— Em 10 de junho de 1873. 

Declara aceitável a proposta do agrónomo Francisco Parentes para a creação de um estabelecimento rural na Província do Piauhy, e indica as providencias que convirá tomar no caso de realizar-se o contracto para esse fim. Ministério dos Negócios da Fazenda.— Rio de Janeiro em 10 de Junho de 1873. 

 Mm. e Exm. Sr.-

— Em resposta ao Aviso que V. Et. dirigiu-me a 12 de Fevereiro ultimo, acompanhado dos papeis, que junto devolvo, relativos á creação de um estabelecimento rural na Província do Piauhy, segundo o plano do agrónomo Francisco Parentes, cabe-me dizer-lhe que, com quanto ao Estado conviesse mais a venda nSo só das cinco .fazendas necessárias áquelle estabelecimento, como de todas as outras existentes na dita Província, parece-me todavia no caso de ser aceita a proposta do referido agrónomo, áttendendo-se a que não ha alli capitães sumcientes para a compra, e estar além disso o Governo obrigado a tutelar, por cinco annos, os libertos que os custeiam, a educar os filhos destes e a amparar os que se acham inutilisados para o serviço. 

A' disposição de Parentes poderão consequentemente ficar as fazendas Algodões, Guaribas, Serrinha, Matos e Olho d'Agua; convindo que para ellas sejam trans- feridos os menores, òrphãos de pai e mãi, eos invá- lidos de todas ias outras, condição esta que Parentes aceita. Si nestas cinco fazendas houver libertos em numero excedente ao do pessoal que « pede o emprezario para custeal-os, e que não possam ser removidos sem incon- venientes paraelles, deverão ser conservados nos lu- gares em qne presentemente se acharem. 

As. despezas, resultantes do contracto que se fizer, deverão . correr por conta do Ministério a cargo de V. Ex., visto pertencer-lhe o serviço a que se destinam as fazendas acima mencionadas ; podendo Parentes em- pregar nas de custeio o rendimento das mesmas fa- zendas e recolher á respectiva Thesouraria de Fazenda unicamente a renda liquida, no fim de cada trimestre. 

 A escripturação da receita e despeza continuará a ser feita na Thesouraria, á vista de balanços trimensaes que Parentes será obrigado a enviar-lhe, acompanhados 470 DECISÕES dos respectivos documentos, para a Thesourarià exercer a flscâlisaçSo qtie lhe compete, dar conta do resultado ao referido Ministério, e, no fim de cada exercício, pro- ceder á tomada da conta, a fim de passar a quitação do estylo ; cumprindo notar que na liquidação da conta deverão discriminar-se as despesas da fundação das do custeio, ebem assim as som mas a ellasappltcadas. 

Convém, por ultimo, ponderar a V. Ex. que o con- tracto só deverá ser lavrado depois que Parentes tiver prestado fiança idónea .

 Deus Guarde a V. Ex. — Visconde do Rio Branco. — A! S, Et. o Sr. José Fernandes da Costa Pereira Júnior

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 PIAUÍ. Decreto nº 5.392, de 10 de setembro de 1873. 

Autoriza a celebração do contrato proposto por Francisco Parentes para a fundação de um estabelecimento rural na província do Piauhy, comprehendendo as fazendas nacionaes denominadas – Guaribas, Serrinhas, Mattos, Algodões e Olho D’Água – pertencentes ao departamento de Nazareth. Piauí, 1873

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Em 1897, era inaugurada no Piauí a Fábrica de Laticínios, um projeto pioneiro no Norte e Nordeste do Brasil. O maquinário veio da Inglaterra através de transporte marítimo e fluvial e era considerado extraordinário para a época. A matéria prima para a fabricação da manteiga vinha de fazendas de todo o Brasil. E o prédio que abriga toda essa história continua de pé, no município de Campinas do Piauí, a 700 quilômetros da capital Teresina.

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Historicamente a cidade foi fundada pelo agrônomo Francisco Parentes, que lá inaugurou a primeira escola de agronomia das Américas. Essa instituição se destinava à educação de filhos dos escravos (ambos os gêneros), órfãos e libertos pela Lei de 28 de setembro de 1871.

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Se alguém quiser saber a Importância de uma escola de agronomia, estudem a história do Instituto Agronômico de Versailles na França, sobretudo sobre GASPARIN Adrien Etienne, 1783- 1862, agrônomo, fundador da agronomia moderna, conde francês.

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As estações agronómicas, os postos zootechnicos começarão dentro em breve a se propagar no paiz ; a representação da agricultura na próxima Exposição Nacional, a reunião de seu Congresso, que nessa occasião se realisará, não teriam o brilho que estamos habituados a prever si lhes tivesse faltado, um momento, o vosso decisivo concurso. Mas, não basta termos fartos meios de transporte, precisamos pro- duzir o que transportar. Para produzir é preciso sabel-o. A agricultura não é mais a velha arte de um século atraz, mas uma industria de natureza extremamente complexa, que se aperfeiçoa todos os dias. Na concurrencia universal das industrias, a victoria ja- mais abandona os que melhor e mais barato produzem. Produzir melhor e barato quer dizer aperfeiçoar o instrumento de trabalho, multipli- cando-lhe o effeito útil. E 1 o que precisamos fazer. Para que podem servir-nos as barreiras levantadas ao livre com- mercio internacional, e que, fomentando a rotina, impedindo o pro- gresso e perfeição do trabalho, sacrifica a grande massa dos consumidores e acaba por desvalorisar o próprio produeto e arruinar o seu produetor ?












Navegação



NAVEGAÇÃO. 

Senhora de um rio magestoso, que se presta vanlajosamenie a navegação por 
vapor, como é o Parnahyba, que conta 1600 kilometros de extensão e 200 me- 
tros de largura, a província do Piauhy promelte vir oceupar no futuro um lugar 
dis ti neto entre suas irmãs, tanto mais quanto, na actualidade, ella já dispõe de 
uma bem começada navegação por vapor, que abre para alguns de seus flore- 
centes pontos as válvulas, de desenvolvimento e de prosperidade. 

Sem boas vias de communicação e de transporte, a experiência e a observação 
mostram que não pode haver commercio, nem industria, e, sem a existência des- 
sas poderosas fontes de riqueza social, é inútil conceberem-se idêas de pro- 
gresso e de civilisação. 

A navegação por vapor satisfaz plenamente a essas necessidades, porque ten- 
de a snpprimir as grandes distancias e a facilitar os meios de transporte. 

Nesta província, a navegação fluvial por vapor foi um facto, que constantemen- 
te preoceupou a attenção dos presidentes, e nem podia deixar de assim sueceder, 
desde que ella era uma necessidade evidente e palpitante. 

A gloria, porem, de havel-a iniciado coube ao illustrado conselheiro João José 
de Oliveira Junqueira, que no anno de 1858, quando dirigia os destinos des- 
ta parte do império, mandou vir o Urus$uy—o primeiro vapor que sulcou as 
aguas do Parnahyha no dia I o de maio de 1859. 

Ainda foi ao mesmo conselheiro Junqueira que coube iniciar e incorporar a 



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companhia, que hoje existe com a denominação de Companhia de Navegação por 
vapor no rio Parnahyba. 

Em homenagem a esses serviços, prestados com dedicação e patriotismo por 
aquelle iiluslre ex-presidente, n companhia resolveu com acerto dar a um dos 
seus vapores o nome de Conselheiro Junqueira. 

O capiíal da empresa, a que alludo, é de 150:0000000 reis nominaes, repre- 
sentado por 1:500 acções, de 1000000 reis, nchando-se realizado o valor de 1430 
acções emiltidas 143:000$ reis e a realizar em débitos a accionistas 20:000$ reis, 
e 7:0000000 reis de 70 acções em ser. segundo informações da respectiva dire- 
ctoria. 

A companhia possue três vapores, que se denominam Conselheiro Paranaguá, 
Piauhy e Conselheiro Junqueira; o primeiro com força de 40 cavallos, o segundo 
de 30, e o terceiro de 24. 

Esses Ires barcos, como já li ve occasiiio de observar, têm as commodidades 
precisas para passageiros e mercadorias. 

Seria de grande vantagem que a companhia se provesse de algumas pequenas 
lanchas a vapor, visto como ellas concorreriam para a ceei era r o serviço da nave* 
gaçâo e facilitar as communicações. 

Presentemente, a companhia resente-se da falta de barcas de reboque; mas, 
segundo sou informado, já estão sendo construídas algumas barcas de ferro para 
esse fim. 

Dispõe ella de um estabelecimenio de fundição por vapor, bem montado, 
nesta capital, contendo boas machinas de aplainar, tornear, dobrar e furar, e 
bem assim de uma serraria, Lambem por v;q)or. a qual funeciona dentro do mes- 
mo estabelecimento. 

É subvencionada mensalmente, pelo cofre geral com 4.0000000 reis e pelo 
provincial com 2.0000000 reis, afora as subvenções de 1500000 reis e 500000 
reis, que, em virtude de contraio, percebe; a primeira por cada viagem que fi- 
zer qualquer de seus vapores, da cidade de Amarante á villa da Manga, e a se- 
gunda por cada viagem, da cidade da Parnahyba á Amarração. 

Segundo os dados ministrados pela directoria, a receita bruta e liquida da 
companhia nos dous semestres de 1875 é a seguinte: 

Receita 135:8870261 

Despeza propriamente dita 105:0880615 

Porcentagens abandadas 26:6720239 131:7600854 

Resultado a favor- 4:1260407 

Como vedes, este resultado não é, por certo, lisongeiro e satisfactorio. 

A companhia, porem, em suas informações dá como principaes razões delle: 
4 a a falta de commercio e de lavoura na província, acontecendo por isso apparecer 
pouco frete: 2 a a reducção ou diminuição, que se operou na subvenção provin- 
cial o anno próximo passado: 3 a o acerescimo de despezas, que sobreveio com 
o 3 o vapor o Conselheiro Junqueira sem todavia haver augmento de subvenção* 



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No louvável empenho de estender n navegarão fluvial o digno e illuslre ge- 
rente da companhia, Dr. Manoel Ildefonso de Souza Lima, de accordo com a di- 
rectoria, fez seguir no dia 6 de março do corrente anno o vapor Conselheiro 
Junqueira com destino á villa de Santa Philomena, que demora desta capital 
1000 kilometros. 

Como incentivo á essa utilíssima tentativa de exploração, o meu digno anteces- 
sor, Dr. Gervásio Cícero de Albuquerque Mello, mandou dar, sob sua responsabi- 
lidade, pelo cofre provincial a quantia de i:000#000 reis para auxiliar as despe- 
gas de tâo importante commeltimento, pendendo este seu acfo da vossa appro- 
vação. 

Depois de superar os maiores entraves nessa aventurosa derrota, transpondo 
80 cachoeiras, algumas sobremodo perigosas, I0á rochedos, li remansos e 38 
ilhas, o vapor Conselheiro Junqueira teve de regressar á esta cidade, depois de 
48 dias de viagem, havendo chegado somente até o lugar denominado «Empa- 
redado» 400 kilometros alem da villa da Manga e 250 aquém da de Santa Phi- 
lomena, não porque d ? aquelle lugar para diante fosse a navegação im- 
possível, mas porque o inverno ali havia ja tocado ao seu termo; e porisso ti- 
nham as aguas do rio baixado consideravelmente. Chamo a vossa aUenção para 
o relatório do commandante do vapor Conselheiío Junqueira, o qual vos será 
presente em tempo opportuoo. 

Apesar de não ter o vapor, nessa jornada de experiência, que emprehenden, 
chegado á Santa Philomena, todavia a exploração de mais 400 kilometros do fio 
Parnahyba, não pode deixar de ser um acontecimento notável e grandioso para 
a província, porquanto, em vez de 050 kilometros navegados por vapor,conlam- 
se hoje 1:150. 

Converter em facto real e constante essa ensaiada navegação á villa de Sanla 
Philomena, é uma medida ulil e proveitosa; porque, segundo informa o com- 
mandante, á quem me refiro, lugares existem do lado da província do Maranhão, 
á pequena distancia do rio, como seja «Villa-Nova,»— que exportam annualmen- 
te com difficuldade para a cidade de Caxias, cerca de 58:720 kilogrammos de 
algodão, porção de couros de gado, e outros géneros, que serão necessariamen- 
te exportados para Amarante, Theresina e Parnahyba, sendo estabelecida a na- 
vegação até Santa Philomena, visto como, neste caso, o frete será mais fácil e 
módico aos exportadores. 

Assim, julgo merecedora da consideração da companhia a opinião do mesmo 
commandante, quanto á acquisição de um vapor apropriado !\ essa navegação. 

E penso que, destinada a dar impulso e incremento ao commercio e industria, 
a companhia de navegação piauhyense por vapor, única empreza que possue a 
província em condições de dotal-a com os mais fecundos benefícios, no que res- 
peita aos seus melhoramentos materiaes, uma vez que augmente o numero de seus 
vapores em proporção das exigências do serviço, tem justo titulo a ser animada 
e auxiliada em seus meios de vida. 



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COMPANHIA PERNAMBUCANA. 

Havendo um dos meus antecessores contratado com a Companhia de Navega- 
ção Costeira Pernambucana, em ti de dezembro de 1872, o prolongamento de sua 
navegação, do porto do Camossim no Ceará, até o lugar «Portinho» na Amarra- 
ção, mediante a subvenção de 12:000^000 reis annual e fazendo seus vapores 
duas viagens por mez, succedeu que a mesma companhia, ou porque sobrevies- 
sem embaraços nos seus meios de acção, ou porque lhe faltassem vapores para 
isso, deixasse de cumprir as condições do seu contrato. E como esse mesmo 
contrato não possa hoje mais vigorar, por ter caducado, e o novo gerente dessa 
companhia esteja disposto e resolvido, mediante condições mais favoráveis, a pôr 
em pratica uma tão grandiosa, quão ulil idéa, que tende a alargar a esphera das 
relações commerciaes entre esta e as províncias do Ceará e Pernambuco, espero- 
que me habiliteis com a autorização precisa para, em tempo opportuno, celebrar 
com a mencionada companhia, o contrato respectivo para o estabelecimento des- 
ta navegação, que julgo de todo o ponto vantajosa. 

As vias ferreas


VIAS DE fiOMMlMCAÇÃO. 

Não existem na província estradas de rodagem que facilitem o transporte dos 
produclos, o que em grande parle concorre para o estado pouco lisongeiro da 
sua lavoura. 

O agricultor não lem incentivo ao trabalho, desde que está convencido que a 
despeza do transporte vai absorver quasi todo o valor da producção; e entretan- 
to o solo desta província é ubérrimo, e ofíerece ao trabalho agrícola abundantís- 
sima colheita f 

Infelizmente os recursos actuaes da província não permittem accudir de prom- 
1o a tão urgente necessidade. 

Sem conhecer perfeitamente a sua topographia, posso dizer-vos, segundo in- 
formações fidedignas,|que a estrada mais necessária ao desenvolvimento da lavou- 
ra e do commercio para o interior é a de Amarante á Oeiras com um ramal para 
Valença. • 

O município de Valença è o mais apropriado â agricultura e onde ella se acha 
mais desenvolvida, apesar dos embaraços com que luta. 

Hoje que todas as províncias tratam de prover-se de viasferreas, poderoso ele- 
mento de progresso e civilisação, e que o governo imperial, solicito em promover 
o bem do paiz, procura por todos os meios auxilial-as neste empenho, seria in- 



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desculpável que a província do Piauhy, tão rira de seiva e produclos naturaes, se 
descurasse de tão palpitante necessidade. 

Uma estrada de ferro económica que partindo de Amarante, ponto de embar- 
que no Parnahyba, se dirigisse a Valença, centro da província, e d*ahi fosse á 
Oeiras, auxiliada pela navegação já existente do Parnahyba, bastaria para, desen- 
volvendo as fontes de riqueza da província, eleval-a ao gr.ío de prosperidade de 
que é digna. 

E nem nos devemos deixar alemorisar pelas difficuldades que possam surgir 
;i realisaçao deste grandioso projecto; são trinta e cinco a 40 legoas de caminho 
de ferro económico, cujas vantagens compensarão sobejamente os sacrifícios ne- 
cessários para leval-o a effeito. 

A linha de que vos fallo. seguindo o valle do Canindé em seu prolongamento, 
deveria alcançar o S. Francisco em frente ao Joazeiro, ponto terminal da estrada 
de ferro da Bahia e Pernambuco. Então poderia a província do Piauhy descançar 
tranquilla do seu brilhante futuro. 

Chamo a vossa attenção para este importante assumpto, e serão verdadeiros 
testemunhos de vosso patriotismo os esforços que empregardes para a realização 
deste proveitoso melhoramento. 

Sobre o Agrónomo Francisco Parentes

O Estado possuí nessa província 24 fazendas de excelentes terras próprias para cultura, com abundância de gado, tendo nelas perto de 800 negros libertos inclusive 300 menores e cerca de 100 inválidos. 

Em virtude das ordens do governo, estas fazendas deviam ser vendidas ou arrendadas, e em qualquer dos casos os libertos entregues a seus próprios recursos, abandonados a seus instintos e ignorância. Expostos assim á privação e á miséria, tornar-se-iao um bando de criminosos, e a depravação assentaria sua tenda no meio daqueles infelizes. 

E pra prevenir os males e perigos que tal situação acarretaria, e levado pelo desejo de promover o desenvolvimento da agricultura e industria de sua província, o agrônomo Francisco Parentes apresentou ao governo imperial a ideia da criação de uma colonia agrícola nessas fazendas do estado, servindo de núcleo aos libertos. 

eza consistem principalmente na educação moral e religiosa, e na instrucçâoAs bases da emp
r primaria e agrícola dos menores, nos trabalhos da agricultura 
s mais aperfei- 10 coados e processos mais modernos; no estabelecimento de substituindo-se o systema rotineiro pelo dos instrumentos agrári
ocharqueadas, fabrica de queijos e de sabão e outras necessárias no desenvolvimento da industria, ru- 
estas condições, a empreza proposta não poderia deixar de merecer a atten- çãral e no melhoramento da industria da criação do gado, êmpregando-se os meios de melhorar as raças. 
No do governo imperial, sempre solicito em promover o desenvolvimento da agri- cultura e acquisição de braços para a lavoura, fonte principal da riqueza de nosso paiz. 
necessárias a realisação o progresso da empreza, e garantias ao bem estar Effectivamente estudada a proposta, celebrou o governo o conlraln publicado com o decreto n. 5393 de 10 de setembro de 1873, no qual foram estabelecidas as condições mai
se futuro dos colonos. Celebrado o contrato, dedicou se o agrónomo Francisco Parentes ao cumpri- mente das obrigações que contrahio, e tomou posse das fazendas — Serrinha, Ma- 
— Guaribas tem espaço e uberdade bastante para entreter, sem o concurso do toes, Guaribas, Olho dAgua e Algodões, que devem fazer parte do estabeleci- mento. Os terrenos são de uma uberdade considerável, e, a juiso do referido agróno- mo, só a fazend
aestrume em 15 annos, 300 colonos na lavoura da canna, algodão e cereaes de toda a espécie. Desvanecidos os boatos absurdos, espalhados entre os libertos de que se ten- tava reduzil-os á escravidão, encontrou o Dr. Parentes a mais completa obediên- 
stabelecimento: tem assim já os libertos útil oc- cupação. cia e estão contentes e satisfeitos com a creação da colónia. Já estão iniciados alguns pequenos melhoramentos, e oceupa-se actualmente o director na abertura de estradas e em reunir o material preciso para a edificação dos prédios necessários % ao 
eUm dos mais poderosos elementos de prosperidade da colónia— a escola— está já funecionando sob a direcção de uma professora habilitada e dedicada ao ensino. A nova colónia, que tantos benefícios e fecundos resultados prometle á esta 
gnada, aceresce que adqui- rindo os hábitos do trabalho, afleitos a certos costuprovíncia— excellente incentivo á colonisação nacional— oferece as melhores con- dições de estabilidade. Alem de estarem os libertos sujeitos, até certo tempo, á inspecção do governo e obrigados a acceitar aoecupação que lhes fõr des
imes e regimen, tendo a seu favor a justiça, a protecção, e lodos os cuidados em caso de moléstia, levados pelo interesse., e ligados pelos laços de família, e se identificarão com o estabe- lecimento, e custosamente o abandonarão; e os menores ali creados e educados, 
1 Quanto á vias de coramnnicaçoes, condição essencficarão naturalmente presos a tão ulil instituição. Será também o estabelecimento um excellente receptáculo dos menores filhos de escravas nascidos depois da lei n. 2:040 de 28 de setembro, que, abandona- dos por seus senhores, ficarem sob os cuidados do governo. 
\ial ao progresso da colónia, vai ella ser fundada a margem do majestoso Parnahyba e em um ponto onde fa- cilmente podem chegar os vapores da companhia piauhyense. O local escolhido, alem dás vantagens da navegação a vapor, é secco e eleva- dOi tem óptimos campos de pastagem, oITerece magnifico ponto de vista, e por 
s da moral social e religio a. Em virtude de uma das con-IVfies do contratoalli passa a estrada de Oeiras a Jeromenha, uma das mais frequentadas da pro- víncia. Acha-se entre nós, como já disse, o missionário capuchinho frei Serafim de Calanea com destino â colónia agrícola, onde vai com sua palavra inspirada plan- tar no espirito dos novos colonos o amor ao trabalho e a ordem, e os preceit
o nomeei escriptunrio do esta- belecimento o cidadão Juvencio Tavares Sarmento e Silva, marcando-lhe o orde- nado de 800#000 reis annuaes, e expedi as instrucçõcs provisórias para direcção e regimen do estabelecimento até que o governo geral dê o respectivo regula- mento. De.accordo com o director do estabelecimento rural, dei a este o nome de S. 
Pedro d'Alcantara, em homenagem ao de S. M. o Imperador, o desvellado prote- 
ctor da industria. 

Genealogia Pereira Bacellar

A família Pereira Bacellar esta ligada ao Piauhy, famosa Serra Negra, eu penso que existe uma confusão sobre essa Valença de Portugal com a do Piauí.

Portaria que leva o Capitão-mor Agostinho Pereira Bacellar para se servir de uns cavallos emquanto lhe não apparecer seus donos, neste comboio da farinha para o Sertão. Porquanto o Capitão-mor Agostinho Pereira Bacellar fez novo..

O apelido Bacelar, provém como diz Felguiras Gaio, da Torre de Bacelar e Honra de Mira...

Aqui estão as ruínas da Torre de Bacelar, Solar deste appellido, que tem por Armas um campo de ouro um bacelo verde..


HaroTlar Appellido de familia nobre em Por- ta^; é sen solar a Torre de Bacellar, junto a Valença. Os Bacellares consideram-se desconden- tM de Marti m ...


Solar da família Pinto Bacelar, edifício composto por rés-do-chão e primeiro andar, com amplas divisões, onde sobressaem os granitos da região. Em anexo ao solar existe o brasão da família e a capela de S. Cipriano, actualmente igreja...


Valença é uma vila portuguesa no Distrito de Viana do Castelo, região Norte e ...existia a torre e solar dos Bacelares, propriedade de Martim Afonso Bacelar...

Sobre os Dízimos do Piauhy


sábado, 9 de março de 2013

Capitão Mor Abreu Bacelar da Serra Negra:

Os Autos de Justificação do Coronel Serra Negra e a Carta de Brasão de Armas do Capitão Mor Luís Carlos Pereira de Abreu Bacelar 

Lossian Miranda 


Resumo 

Comentamos acerca da Carta de Brasão de Armas do Capitão Mor de Parnaíba e vila de Valença do Piauhy, Luís Carlos Pereira de Abreu Bacelar 

Palavras chave: genealogia, carta de brasão de armas, colonização do Piauí 

Introdução 

Em 12/08/1776 o capitão Luís Carlos Pereira de Abreu Bacelar, o moço, 
[veja ANEXO 1] vulgarmente conhecido como Luís Carlos da Serra Negra, 
o primeiro governante da Capitania independente do Piauí (foi o membro 
executivo da junta trina estabelecida por D. João VI para governar o 
Piauí separado do Estado do Maranhão), envia requerimento para D. 
Maria I de Portugal pedindo a patente de coronel. Neste requerimento, 
anexa vários documentos. Entre eles, os seus próprios Autos de 
Justificação feitos em 1776, e dentro destes, a Carta de Brasão de 
Armas de seu pai, o Capitão Mor Luís Carlos Pereira de Abreu Bacelar, 
a qual estava perdida, segundo os genealogistas Bueno e Barata 
(referimo-nos ao livro Dicionário das Famílias Brasileiras). 



1. Autos de Justificação de Luís Carlos da Serra Negra 

A seguir, transcrevemos os principais trechos dos Autos de 
Justificação de Luís Carlos da Serra Negra: 

“Diz o capitam Luís Carlos Pereira de Abreu Bacelar, desta comarca, 
que a bem seu perciza, por certidao’ao pé desta o theor de huns Autos 
de Justificaçao´que elle suplicante deu neste Juizo, sobre as 
qualidades de seus progenitores, servissos de seu falecido Pay o 
capitam Mór Luís Carlos Pereira de Abreu Bacelar, e o mais que contem 
os artigos da sua Justificaçao’. 

Para o Senhor Ouvidor geral seja servido mandar que o Escrivaam dé ao 
suplicante o theor dos Autos sobreditos de verbo ad verbum, em modos 
que fassa fé. 

Assinatura: Feliz. 

Feliz Jozé de Miranda Escrivao’ da Ovedouria geral e coreiçao’ nezta 
cidade de oeiras e toda a sua comarca de São’ Joze do Piauhy por 
Provizao’ do Ilm.º governo della, etc. Certifico e dou fé que ao Autos 
de Justificaçao’ de que trata o Requerimento Retro em virtude do 
despacho supra achey os ditos Autos com o theor de verbo ad verbum da 
forma maneira seguinte = Anno de mil sete centos e setenta e seis 
Oeiraz do Piauhy Ouvedoria geral = Autos civeiz de Justificaçao’ em 
que hé justificante Luís Carlos Pereira de Abreu Barcelar – Escrivao’ 
Pereira e de Silva = Anno do nascimento de Nosso Senhor Jezus Chrizto 
de mil sete centos e setenta e seiz annos aoz vinte e coatro dias do 
mês de Maio do dito anno nezta cidade de Oeiras do Piauhy em o meu 
escriptorio Autuey huma petisao’ do justificante Luís Carlos Pereira 
de Abreu Bacelar e com ella juntey huma sua inquiriçao’ de testemunhaz 
para o feito de lhe ser feita comcluza e julgada por Centença o que 
tudo hé o que adiante se segue de que para conztar fis este Autuamento 
Eu Joao’ de Couto Pereira Escrivao’ da ovedoria geral e correiçao’ que 
o Escrevy. Petiçao’ // Senhor Doutor ouvidor geral e Juis das 
Juztificasoniz = Diz Luís Carlos Pereira de Abreu Bacelar que para bem 
de seus Requerimentos lhe hé percizo juztificar Perante voçeminçe os 
Iténz seguintes Primeiro que o Justificante hé filho legitimo do 
Capitao’ Mor Luiz Carlos Pereira de Abreu bacelar e Donna Arcangela 
Vursula de Caztel Branco tao’ destinto pela parte Paterna como conzta 
dos seus Brazoniz Registados no Livro da Camera dezta cidade e pela 
parte Materna tao’ ilustre como decendente da Iluz trisima Caza dos 
Condes de , como tudo he publico nezta capitania; Segundo Item que o 
Pay do Juztificante seriu o Pozto de capitao’ mor da villa que hé hoje 
de Sam Joao’ da Parnaiba desde o anno de quarenta e tres como conzta 
da Patente do general do Estado; Terceiro Item que mudandose o Pay do 
justitificante para o destrito da vila de Valença, logo que ezta se 
criou em vila foy feito capitao’ mor dela por Patente do Ilm.º governo 
desta Capitania; Quarto Item que sendo promovido ao dito Pozto de 
Capitao’ Mor criou todos os poztos das suas ordenanças passandolhez 
repetidas mostraz longe de sua caza e a sua cuzta sem dezta deligencia 
perceber de sua Magestade merçe Alguma; Quinto Item que sendo 
recomendado ao pay do justificante a prizao’ e condussao’ de muitos 
prezos que se percizavao’ para o serviso da fortaleza do Macapá o Pay 
do Justificante não’ só prendéo e remeteu os de sua jurisdiçao’ como 
das demais vilas dezta capitania; Sexto Item que para a guerra dos 
gentioz Barbaros comcorreu o Pay do justificante com douze cavalos 
muito bons e grande soma de gados tudo de grassa e por beneficio do 
serviso de sua Mageztade; Setimo Item que o pay do justificante sempre 
executou prontamente az ordenz deste governo com fedelidade e 
enteireiza sem de todo ezte servisso ter tido recompenssa alguma = 
Pede a voçiminçe seja servido ademitir ao suplicante a justificasao’ 
ao deduzido e juztificado que baste mandar darlhe sua Çentença de 
juztificasao’ pelas vias que puder e recebera Merçe = Justifique 
Durao’ = ...” 
[Fonte: AHU_ACL_CU_009, Cx.91, D.7559]. 

OBSERVAÇÃO: em seguida, na cidade de Oeiras do Piauí no dia 
23/05/1776, o Ouvidor Geral Antônio José de Morais Durão e o escrivão 
de seu cargo, João de Couto Pereira, registram a inquirição das cinco 
testemunhas, as quais pouco acrescentam ao já afirmado pelo Capitão 
Luís Carlos, o moço. Eram elas: 

1. Miguel do Rego Barboza: diz ter visto os brasões e que o capitão 
mor ocupou tal cargo até o seu falecimento; 

2. Antonio Joze de Queiroz: de 62 anos de idade, advogado em Oeiras, 
tenente de cavalaria, diz que o Capitão Mor mudou-se para a sua 
fazenda da Serra Negra logo que foi criada a vila de Valença por João 
Pereira Caldas, e que antes era capitão mor de Parnaiba. Diz também 
que o mesmo foi capitão mor de Valença até seu falecimento; 

3. Joze Esteves Falcão: tenente de cavalaria auxiliar solteiro, 
morador de Oeiras, almoxarife da Real Fazenda, 62 anos de idade. Diz 
que o capitão mor se mudou de Parnaiba para a Serra negra logo que 
Valença se tornou vila; 

4. Antonio do Rego Castelo Branco: casado, morador em Oeiras, 28 anos 
de idade, Ajudante do Regimento Auxiliar, diz que Dona Arcângela 
Úrsula de Castelo Branco é sua tia. Afirma que o capitão mor mudou-se 
de Parnaiba para a sua fazenda da Serra Negra na “Freguesia dos 
Aruázes” e que logo que tal freguesia se criou em vila de Valença foi 
o capitão Luís Carlos feito Capitão Mor dela por patente que lhe deu o 
governador da Capitania, o general do Pará João Pereira Caldas; 

5. Antonio Carneiro da Cruz: morador em Oeiras, solteiro, alferes, 
tesoureiro da fazenda dos Defuntos e Ausentes, 41 anos de idade. Nada 
acrescentou ao já dito pelas demais testemunhas. 


2. A Carta de Brasão de Armas do Capitão Mor Luís Carlos Pereira de 
Abreu Bacelar 

Como o grande terremoto de 1755 em Lisboa destruiu os prédios onde 
muitas cartas de brasões estavam arquivadas, poucas são as cartas 
anteriores a este período. Inclusive, muitas delas se perderam para 
sempre. Vejamos o que nos dizem os grandes especialistas brasileiros 
da área, no que diz respeito à família Abreu Bacelar: 

“Abreu Bacelar: Antiga e importante família originária de Portugal 
estabelecida no Piauí, à qual remontamos a Baltazar de Abreu Bacelar, 
que tirou Carta de Brasão de Armas, no ano de 1586. Filho de Domingos 
Gonçalves Caminha e de Leonor Rodrigues Bacelar. Deixou numerosa 
descendência do seu cas. com Maria de Eça da Rocha. Entre os 
descendentes do casal, registram-se: I - o filho, José de Abreu 
Bacelar, membro do Conselho Geral do Santo Ofício de Lisboa; II - a 
filha, Clara de Abreu Bacelar, que deixou importante descendência do 
seu cas., a 17.08.1626, em S. Clemente de Bastos, com Gonçalo Falcão; 
III - a neta, Leonor de Abreu Bacelar, filha da anterior. Deixou 
importante descendência do seu cas. com Bento Ferreira de Moraes, 
Senhor da Quinta do Outeiro, na Freg.ª de São Pedro de Alvite, em 
Cabeceiras de Basto. Filho de Pedro Alvares Cardoso; IV - o bisneto, 
José de Abreu Bacelar, filho da anterior, que passou ao Brasil, onde 
foi proprietário e muito rico, deixando seus bens, ao seu irmão Luiz 
Carlos; V - capitão-mor Luiz Carlos Pereira de Abreu Bacelar, irmão do 
anterior, que tornou-se o patriarca desta família, no Piauí - detalhes 
adiante. Brasil: Importante família estabelecida no Piauí, para onde 
passou o capitão-mor Luiz Carlos Pereira de Abreu Bacelar [c.1721, 
Portugal -], bisneto daquele patriarca, Baltazar de Abreu Bacelar, 
citado acima. Herdeiro dos bens de seu irmão José de Abreu Bacelar. 
capitão-mor de Ordenanças na Cidade do Maranhão, onde foi Senhor da 
casa de Serra Negra. Teve mercê da Carta de Brasão de Armas, da qual 
se desconhece o conteúdo, mas, que certamente, deverá citar as armas 
que se passou, em 1586, a seu bisavô. Deixou numerosa descendência do 
seu cas. com Arcangela da Cunha Mesquita de Castelo Branco, neta de 
Francisco da Cunha Castelo Branco, patriarca desta família Castelo 
Branco (v.s.), no Piauí. Foram pais, entre outros, do coronel Luiz 
Carlos Pereira de Abreu Bacelar [c.1751 - ?], conhecido por Luiz 
Carlos da Serra Negra, coronel comandante da 5ª Companhia do 1º 
Regimento de Cavalaria Auxiliar de Oeiras, Piauí. Fez parte da Junta 
do Governo Interino do Piauí [1811-1814]. Cavaleiro da Ordem de 
Cristo. Deixou geração do seu cas. com Luzia Perpétua Carneiro Souto 
Maior, filha de Aires Carneiro Homem de Souto Maior, Cavaleiro da 
Ordem de Cristo e Coronel de Milícias do Maranhão, e de Maria Joaquina 
Belford. Foram pais, estes últimos, de outro Luiz Carlos Pereira de 
Abreu Bacelar Castelo Branco, Cavaleiro da Ordem de Cristo, Moço 
Fidalgo com exercício no Paço. Deputado da Real Junta do Tabaco. Teve 
mercê da Carta de Brasão de Armas - detalhes abaixo. Heráldica- Século 
XVI: Baltazar de Abreu Bacelar, citado acima. Brasão de Armas datado 
de 1586: um escudo partido em pala; na primeira, as armas da família 
Abreu (v.s.); na segunda, as armas da família Bacelar (v.s.). Brasil 
Heráldico: Luiz Carlos Pereira de Abreu Bacelar Castelo Branco - 
citado acima. Brasão de Armas datado de 24.05.1830. Registrado no 
Cartório da Nobreza, Livro VIII, fl. 251: um escudo esquartelado com 
as armas das famílias Abreu (1.º quartel), Bacelar (2.º quartel), 
Castelo-Branco (3.º quartel) e Souto Maior (4.º quartel)”. 
[BARATA e BUENO. Dicionário das Famílias Brasileiras]. Grifos nossos. 

Informamos aos ilustres autores, e a todos os outros que engrandecem a 
genealogia brasileira, que nossas exaustivas pesquisas nos permitiram, 
a partir das científicas informações prestadas na magistral síntese 
que eles fazem acerca da evolução histórica de nossa família, 
localizar a Carta de Brasão de Armas do Capitão Mor Luís Carlos 
Pereira de Abreu Bacelar. 

Quando o Capitão Luís Carlos Pereira de Abreu Bacelar, o moço, 
solicitou à rainha D. Maria I de Portugal a patente de Coronel em 1796 
ele anexou ao pedido o traslado da Carta de Brasão de Armas de Seu 
homônimo pai, tirada em Lisboa em 1738 e registrada no Arquivo da 
Câmara de Valença do Piauí. A seguir, transcrevemos o inteiro teor da 
mesma, salvos pequenos trechos que julgamos discriminatórios para as 
normas atuais. 

“Diz Luís Carlos Pereira de Abreu Bacelar, capitam da Cavalaria 
Auxiliar, que elle suplicante perciza que o Escrivao’ deste juizo lhe 
passe por certidao’ o teor da carta de blazoens de Armas do pay do 
suplicante, que se axa registado no livro deste juizo, e como o 
Escrivão o não pode fazer vim despaxal. 

Joao’ de Souza Estrella, tabeliao’ do publico judicial e notas, 
Escrivam da Camera e Orfaons, e mais Officios anexos nesta Villa de 
Valença do Piauhy, e seu Termo por Provizam do Ilustrissimo Senhor 
governador da Capitania, etc. Certifico e porto fé, que revendo o 
livro primeiro de registos, que atualmente serve nelle a folhas sete 
te folhas onze axei o registo da carta de blazoens de Armas de que a 
petiçao’ retra faz mençao’ da qual o seu teor he o 
seguinte..........// 

Copia dos blazoens de Armas, que mandou lançar neste livro Luís Carlos 
Pereira de Abreu Bacelar o mosso; que mandou lançar pela pessoa de 
Antonio Caetano Borges como abaixo se declara, etc. 

Dom Joao’ por graça de Deos, Rey de Portugal, e Algarves da quem e 
dalem Mar em Africa Senhor de Guiné da Conquista Navegaçao’ do 
Comercio da Etiopia Arabia, Persia e India, etc. a quantos esta minha 
Carta virem fasso saber que Luiz Carlos Pereira de Abreu Bacelar 
natural da Freguezia de Sam Pedro de Alvite Concelho de Cabeceira de 
Basto, Comarca de Guimaraens Arcebispado de Braga, me fez petiçao’, e 
como elle descendia, e vinha de geraçao’ e linhagem dos Leites, 
Pereiras, Abreus e Bacelares, e que suas Armas lhe pertenciao’ de 
direitos, e pedindome por merce que para memoria de seus antecessores 
senao’ perder, e elle usar e gozar da honra das Armas que pellos 
merecimentos de seus serviços ganharao’, lhe forao’ dadas assim dos 
privillegioshonras graças e merces, que por direito, e por bem delles 
lhes pertence lhe mandasse dar minha Carta das ditas Armas, que 
estavao’ registadas em os livros de Registos das ditas Armas dos 
Nobres Fidalgos de meus Reynos, que tem Portugal meu principal Reyno 
dei Armas a qual petiçao’vista por mim mandei sobre esta tirar 
Inquiriçao’ de testemunhas pello Doutor Manoel Guerreiro Camacho do 
meu Dezembargo, e meu Dezembargador, em esta minha Corte, e Caza de 
Suplicaçao’, Corregedor do Civel, em ela, e por Antonio Soares 
Guerreiro, escrivao’do dito Juizo, pellos quaes fiei certo, que elle 
prosede, e vem de geraçao’ e linhagem dos ditos Leites, Pereiras 
Abreus, Bacelares............... // 
Como filho legitimo do legitimo matrimonio de Bento Ferreira de 
Moraes e de Donna Leonór de Abreu Bacelar, neto pela parte Paterna de 
Pedro Alves Cardozo, e de Dona Maria Leite Pereira, e pela Materna de 
Gonçalo Ribeiro Falcao’ e de Dona Clara de Abreu Bacelar, e que tanto 
elles como seus Pays, Avós, e mais antepassados forao’ pessoas muito 
nobres, e como taes se tratarao’ sempre a Ley da Nobreza como o estado 
acha devido, e assim seus irmaos’ Rozendo de Abreu Leite Pereira 
cavalheiro profeço na Ordem de Christo, Sargento Mor da Comarca de 
Guimaraens e Capitao’ de Infantaria, que foi com destinçao’ na guerra 
proxima passada, o qualtirou Brasao’ de Armas Antonio Ferreira de 
Abreu Bacelar abade da Parroquial Igreja de Sam Pedro de Britello 
Comissario do Santo Officio Joze de Abreu Bacelar, e Teodozio Joze 
Pereira de Moraes, e he fama pública, que os seus antepassados 
servirao’ Cargos, e ocupaçoens de grandes honras, como foi Joao’ Leite 
Pereira Tio directo do Pay delle Suplicante servindo de Capitao’ de 
Infantaria, e Secretario da Embaixada a Corte de Castela, e Domingos 
de Abreu bacelar Tio directo da May do mesmo Suplicante, abade que foi 
de Sam Clemente de basto Comissario do Santo Officio, e seu Irmao’ 
legitimo o Doutor Joze de Abreu Bacelar, Provedor, e Vigario Geral, 
que foi do Arcebispado de Braga, e depois inquizidor da meza grande do 
Santo Officio, havendo nas suas Ascendencias muitas pessoas 
Religiozas, Beneficiados, Seculares com grandes ocupaçoens assim nos 
honrozos Cargos da Respublica, como nos postos militares, e se prova, 
que quanto mais atrás mais ilustre família hé, pello que se conhece a 
(.............) e antiga Nobreza que, o ilustra, sem que os seus 
ascendentes servisem nunca (.......), e que de direito as suas Armas 
lhe pertencem, as quaes lhe mandei dar em esta minha Carta com o seu 
Brazao’, Elmo e Timbre, como aqui são’ devizadas, e assim como fiel, e 
verdadeiramente se axavao’ devizadas, e Registadas em os livros dos 
Registos do dito Portugal meu Rey de Armas.......... A 
saber........... // 
Hum escudo esquartellado no primeiro quartel as Armas dos Leites, 
que vem a ser escudo, esquartelado no primeiro, e quarto quartel, tres 
flores de lis de Ouro em campo verdes, no Segundo, e terceiro em campo 
sanguinho hua cruz de prata vazia do Campo no segundo quartel as Armas 
dos Abreus, que sao’ em Campo sanguinho cinco coto de Azas de ouro 
poztas em (saus-tor???) com sangue nas cortaduras no terceiro quartel 
as armas dos Pereiras em Campo vermelho hua Cruz de prata floretada, e 
vazia do Campo, no quarto quartel as armas dos Bacelares em Campo de 
Ouro hum Bacelo Verde de duas vergontas retrocidas poztas em palla com 
quatro cachos de purpura, Elmo de prata aberto guarnecido de ouro, 
paquifes dos metaes, e cores das armas Timbre, e dos Leites hua Cruz 
de prata vazia do Campo entre duas flores de lis verdes, e por 
diferença hua brica de prata com hum trifolio preto. O qual escudo 
Armas, e Signaes possa trazer, e traga o dito Luiz carlos Pereira de 
Abreu Bacelar, assim como a trocerao’, e delas uzarao’, seus 
antecessores, em todos os lugares de honra, em que os ditos seus 
antecessores, e os Nobres, e antigos Fidalgos sempre as costumarao’ 
trazer, em tempo dos meus esclarecidos Reys meus antecessores, e com 
elas possa entrar em batalhas campos retos, escaramuças, e exercitar 
com ellas todos os outros actos leitos da guerra, e pax, e assim as 
possa trazer em seus (firmaes???) aneis sinetes, e devizas, e as pór 
em suas cazas, edificios, e deixalas sobre sua propria sepultura, e 
finalmente se servir honrar, gozar, e aproveitar delas, em todo, e por 
toda como a sua nobreza convem, com o que quero, (..?), que haja elle, 
e todos os seus descendentes todas as honras Privilegios, liberdades, 
graças (...?) exceçoens e franquezas, que hao’ e deve haver os 
Fidalgos nobres e de antiga linhagem, e como sempre de todo uzarao’, e 
gozarao seus antecessores...............................// 
Pello que mando a todos os meus Corregedores, Dezembargadores, 
Juizes, Justisas, Alcaides, e expecial aos meus Reys demais Arautos e 
passavantes, e a quaes quer outros Officiais, e pessoas a que esta 
minha Carta for mostrada e conhecimento delas pertencer, que em tudo 
lho cumprao’ e goardem, e fassao’ cumprir, e goardar como nela he 
contido sem duvida, sem embargo algum, que em ela lhe seja pozto, 
porque assim he minha mercê..................................// 
El Rey Nosso Senhor o mandou por Manoel Pereira da Silva, seu Rey 
darmas Portugal Fr. Manoel de Santo Antonio Religiozo da Ordem de Sam 
Paulo a fes em Lisboa Ocidental aos des dias do mez de Outubro do Anno 
do nascimento de Nosso Senhor Jezus Christo de mil e setecentos, e 
trinta e Oito, e vay sobscrita por Antonio Francisco e Souza Escrivao’ 
da Nobrezanestes Reynos e Senhorios de Portugal, e suas Conquistas e 
Eu Antonio Francisco e Souza a sobrescrevi // Rey darmas Portugal // 
Fica Registado este Brazão no livro Nono dos Registos dos Brazoens da 
Nobreza de Portugal, a folhas trinta e cinco // Lisboa Ocidental aos 
dez dias do mez de Outubro do anno de mil e setecentos, e trinta, e 
Oito // Antonio Francisco e Souza // E não’ se continha mais, nem 
menos couza alguma em oz ditos Brazoens do que o conteudo aqui 
escripto, e asignado, que eu Escrivao’ abaixo asignado, bem fielmente 
trasladey dos proprios, que tornei a entregar a aprte que mo deu, e de 
como os recebeu aqui comigo asignou, com os quaes Brazoens, e comigo 
mesmo este traslado comferi, concertei, escrevy e asigney nesta villa 
de Valença do Piauhy aos quatorze dias do mez de julho de mil e 
setecentos, setenta e sete annos, e Eu Antonio Joze de Torres Frazao’, 
escrivao’ que o escrevy // Antonio Joze de Torres Frazao’ // Antonio 
caetano Borges // E não’ se continha mais couza alguma em o dito 
Registo da Carta de Brazoens de Aramas do que o conteudo aqui 
escripto, e declarado, que Eu Escrivao’ ao diante nomiado bem 
fielmente fiz trasladar do proprio livro de Registo ao qual me reporto 
com o qual esta comferi, concertey fiz escrever, sobrescrevy e asigney 
nesta Villa de Valença do Piauhy aos nove dias do mez de Outubro do 
Anno do Nascimento de Nosso Senhor Jezus Christo de mil e setecentos e 
noventa e quatro annos, e Eu Joao’ de Souza Estrella Escrivao’ que o 
sobrescrevy. 

ASSINAURAS: ...................... 

Antunez da Assumpçao’ Ouvidor geral pela ley com alçada no Crime e 
Civel e mais cargoz anexos nesta cidade de Oeiras do Piauhy e toda a 
sua Comarca e nella juiz das justificacoens de india e mina, etc. Faço 
saber aos que a prezente Certidao’ de justificaçao’ virem que me 
conztou por fé do Escrivao’ do meu cargo que esta escreveu ser a letra 
do proprio Escrivao’ nella constado Joao’ de Souza Estrella o que hey 
por juztificado verdadeiro. Dado e passado nesta cidade de oeyras do 
Piauhy aoz 18 de 7br.º de 1795. Eu Feliz Joze de Miranda, Escrivao’ 
que o Escrevy. 
[Fonte: AHU_ACL_CU_009, Cx.91, D.7559]. 




Bibliografia 

BARATA, C. E. A e BUENO, A. H. C. Dicionário das Famílias Brasileiras, 
1999. 














ANEXO 1 

Coronel Luiz Carlos Pereira de Abreu Bacelar 
Filho do capitão-mor Luiz Carlos Pereira de Abreu Bacelar, vulgarmente 
conhecido como Coronel Luiz Carlos da Serra Negra, por ter nesta 
fazenda, vivido e possivelmente falecido, conforme indica seu 
inventário, cuja cópia parcial se encontra no cartório de Castelo do 
Piauí, ex-vila de Marvão do Piauhy, onde foi contratador dos dízimos 
da Coroa Portuguesa antes mesmo de 1780, conforme indica a denúncia 
que fez de sua injusta prisão em São Luís do Maranhão em 1781 
juntamente com seu tio também capitão, Francisco da Cunha e Silva 
Castelo Branco. Em 25/02/1776 foi proposto pela Junta de Governo da 
Capitania do Piauí o seu nome para ser alferes, e de seu irmão Antonio 
Joze Leite Pereira Castelo Branco, para Capitão. Em 10/03/1777 foi 
proposto o seu nome para alferes da 4ª Companhia de Cavalaria Auxiliar 
de Valença, e para Tenente, seu irmão João Leite Pereira Castelo 
Branco [Registro de Cartas ao General do Estado 1776-1781, páginas 45 
e 60v/61, respectivamente]. Em 09/06/1780 a Junta de Governo envia 
para o General do Maranhão um ofício acerca do mal sucesso da captura 
de Antonio Fellis Vieira por parte de Francisco da Cunha Castelo 
Branco. O jovem Capitão, futuro Coronel Luiz Carlos não argüiu o fato 
de ser nobre quando de sua defesa por ocasião desta sua prisão em São 
Luís do Maranhão a partir de novembro de 1780, juntamente com seu tio 
Francisco da Cunha e Silva Castelo Branco, por mais de três anos. Teve 
absolvição tardia em 08 de janeiro de 1783 pelo Conselho Ultramarino e 
por D. Maria I, conforme pode se observar no Doc. 796 do Catálogo de 
Verbetes dos Documentos Manuscritos Avulsos da Capitania do Piauí- 
CVDMACPI. A petição inicial, de queixa contra o Governador e Capitão 
General do Maranhão D. Antônio de Salles Noronha (06/11/1779 a 
13/02/1784), saída do punho deste homem é a primeira grande declaração 
de piauiensidade “aduntada” ao respeito à instituição democrática 
maior. Começa dizendo: “Da Capitania do Piauí aonde sou natural aonde 
vivo, com estabelecimento e comportamento que faço certo conforme 
atestação da Camara daquela cidade cabeça de comarca...”. E segue uma 
aula de Democracia, Direito e Cidadania para as gerações futuras. A 
seguir, transcrevemos o pedido a Sua Magestade, o Leviatã Português 
personificado em D. Maria I. 
“Com o documto. Nº 4 faço certo a V. Mage. que não tenho crime algum 
na Comarca da minha rezidencia e do mesmo modo com o documto. Nº 5 que 
o não tenho nesta capital do Maranhão, o que só, basta para manifestar 
a V. Mage. a violencia que se me fes, e nunca pode ser lícito o 
conservarse alí homem sem culpa, poiz nem ainda no cazo negado de a 
ter eu poderia sofrer a protelação da prizão em que me acho por maiz 
de sette mezes. Sem se me formar crime cabirseme livramento, porque 
assim como hé utelidade publica a punição do delicto, tão bem hé 
conveniente á Respublica o não padecer a innocencia. E mostrando eu a 
V. Magestade, e como mostro com o documento Nº 1, o meu honesto 
comportamento, e que não tenho culpas, nem crime algum, como 
manifestão os documentos Nº 4 e 5 e finalmente o de Nº 2. B a opressão 
que se me faz, vou a suplicar a Vossa Magestade que se digne a darme 
providencia e mandar que se me ponhão a Liberdade para com ela poder 
reparar os danos que me tem cauzionado tão injusta e longa prizão, sem 
cauza justa. Maranhão, 3 de julho de 1781”. 
Até 13 de outubro de 1794 era Capitão, conforme se vê em um documento 
da Caixa de Valença do APPI da mesma data. Em 18/09/1798 o Coronel 
Luiz Carlos “prendeu” alguém que surrou um de seus escravos na Serra 
Negra e posteriormente o enviou para Oeiras, sem legalidade formal 
estabelecida, no que foi solto por Dom João Amorim Pereira [Capitania 
do Piauí 1798, Código 156, fl.161v]. 
Nas folhas 189v e 190 do códice Capitania do Piauí, código 156 é 
registrada carta de Dom João Amorim Pereira em que este solicita ao 
Coronel Luiz Carlos que providencie ações contra as tropas francesas 
que tentaram embarcar em Parnaíba. Tais tropas foram repelidas a bala. 
Neste período a Oitava Companhia do Regimento de Luiz Carlos estava 
sob o comando do Capitão Claro Luiz Pereira de Abreu Bacelar. Em carta 
de 06/10/1798 Dom João de Amorim Pereira solicita a Luiz Carlos que 
convoque até mesmo os vaqueiros para o serviço militar, “jogue duro” 
em relação à disciplina dos militares [Capitania do Piauí, código 156, 
fl. 194]. 
O coronel Luiz Carlos foi um dos grandes defensores da independência 
da Capitania do Piauí da do Maranhão, tendo sido juntamente com Luiz 
Joze de Oliveira e Severino Coelho Rodrigues membro da primeira Junta 
de Governo da Capitania do Piauí independente do Maranhão. Tomou posse 
em 13 de julho de 1811 (página 32 do Livro de Registro de Patentes. Lo 
1. SPE COD. 001. ESTN. 01 PRAT. 01. APPI). 
No livro Capitania do Piauí 1814-1829, página 33, Nº 09, dos 
documentos oficiais da Junta de Governo há informações sobre o seu 
inventário que dizem ter sido principiado em 18/12/1811, e que nas 
folhas 149 do citado Inventário conteria o auto de partilha, 
principiado em 17/10/1812. 
No Livro de Batismos da Freguesia de Valença-PI 1810-1827 existente 
no Seminário Paulo VI em Teresina-PI há um registro de batismo no qual 
os padrinhos são Luís Carlos Pereira e Dona Perpétua de Castelo 
Branco. Seria o Coronel Luiz Carlos e sua “mulher”, citada no processo 
em que o mesmo foi acusado de ser um dos mandantes do assassinato de 
Antonio Pereira Nunes? 
O Coronel Luiz Carlos tomou posse como adjunto da Junta de Governo da 
Capitania do Piauí em 13/07/1811 na Câmara de Oeiras (página 32 do 
Livro de Registro de Patentes L 1 spe cod. 001 estn. 01, prat. 01 
APPI). 
A esposa do Coronel Luiz Carlos, Luzia Perpetua Carneiro de Sotomaior 
envia, em 30/08/1813, da cidade da Bahia para Valença-PI, carta de 
alforria libertando o escravo “criollo de caza” Joao Pereira, filho da 
criolla Rita casada com Francisco Pereira. Este escravo, segundo ela 
diz na carta, havia lhe dado 150 mil réis pela sua libertação. Foram 
testemunhas da carta Joze Joaquim de Almeida Paiva e Manoel Joze 
Coimbra. O registro e a aprovação da referida carta foi feito em 
Valença em 24/07/1817 [Caixa Valença Judiciário nº 450]. 
Na Procuração Geral Pública do capitão Antonio de Olanda Bezerra e 
sua mulher Dona Catharina Romana de Mendonça escrita e datada em 
Valença-PI em 05/04/1816, com a presença de ambos os outorgantes, 
consta como procurador na vila de Pilão Arcado o capitão-mor Liberato 
Jozé Leite Pereira de Castello Branco , o alferes Joze Praxedes Lima 
de Santana e o sargento-mor Luiz Carlos Pereira de Abreu Bacelar . 
Como procuradores em Valença-PI constam o capitão Antonio Jozé Leite 
Pereira de Castelo Branco e o capitão Antonio Suares da Silva. Assinam 
o documento Antonio Olanda Bezerra, D. Catharina Romana de Mendonça, 
Veríssimo Jozé da Cunha Pereira e o Tenente Francisco (...) dos 
Santos. O tabelião foi Valentim Jozé dos Anjos, em substituição ao 
tabelião da época que estava impedido [Folhas 15v a 17v de livro da 
caixa n.º 450 do Judiciário de Valença / APPI].